quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

95% dos municípios do CE têm casos de Aids


No Estado, a faixa etária de 20 a 49 anos concentra 86,8% dos casos, segundo a Secretaria da Saúde

Apesar de quase três décadas no Estado, a Aids continua a fazer vítimas. Só no Ceará, atualmente, 95% dos municípios possuem pelo menos uma pessoa portadora da doença, conforme dados do Núcleo de Prevenção de Doenças e Agravos (Nuprev), da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa-CE).

Segundo o órgão, em 2009, eram 9.722 cearenses portadores, sendo 60% dos casos na Capital. Tanto que, até o último dia 29, foram notificados à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) 6.102 casos.

Hoje, no Dia Mundial de Combate à Aids, ações na Capital, e em todo o País, buscam alertar, sobretudo os adolescentes, para a infecção da doença. Afinal, como explica Telma Martins, supervisora do Nuprev, o maior número de portadores no Ceará é de adultos jovens, entre 20 e 49 anos, independente do sexo ou do município onde reside.

Isso, como também alerta Renata Mota, coordenadora municipal de DST/Aids e hepatites virais da SMS, chama atenção para o fato de que o contágio, muitas vezes, pode ter acontecido durante adolescência, já que o a Aids pode demorar até 10 anos para se manifestar, após o contágio do vírus HIV.

Concentração

"Os adolescentes precisam participar da prevenção. O número de mortes no Estado, de três óbitos a cada 100 mil habitantes, ainda é muito alto. Em todo o Brasil, a estimativa de 2009 é de que 630 mil estejam infectados. Aqui no Ceará, a faixa etária de 20 a 49 anos concentra 86,8% dos casos, enquanto que de 13 a 19 anos é responsável por 1,8%", comenta Telma.

De acordo com Renata Mota, em Fortaleza, 70% dos registros municipais estão concentrados também na faixa etária entre 20 e 39 anos. "O que se precisa entender é que qualquer pessoa que possua vida sexual ativa e não use preservativos está vulnerável", alerta. Além da faixa etária, também houve uma "feminização" da doença.

De acordo com Renata, em todo o Brasil, o Ministério da Saúde estima que a quantidade de mulheres infectadas, entre 13 e 19 anos, já seja maior do que a dos homens na mesma faixa etária.

Segundo Telma, isso não aconteceu à toa. "Cerca de 30% dos casos notificados no Estado são de representantes do sexo feminino. Sinal disso é que, em 1989, eram 55 homens contaminados para cada uma mulher e, desde 2006, a incidência é de dois homens para cada uma mulher", revela.

Parte dessa realidade, pontua Renata, deve-se ao machismo ainda vivenciado no Estado, que dificulta, inclusive, a negociação para o uso de preservativos. "Esse crescimento pode ser atribuído ainda ao crescente número de casos entre heterossexuais". Diante dessas formas de manifestação da Aids, as especialistas comentam que não há mais grupos de risco, como havia há alguns anos.

"Qualquer pessoa está vulnerável. O importante é que mais cedo se sabe, mais a manifestação da doença pode ser retardada", reforça Telma. Para ela, apesar da redução da incidência da doença nos últimos dez anos no Estado, que passou de 7,5 a cada 100 mil habitantes para 6,0, não se pode dizer que "está em declínio".

Porém, ela afirma que, na Capital, pode-se dizer que as pessoas estão adoecendo menos. Isso, relaciona, pode ser atribuído à distribuição de preservativos que, só no ano passado, foram mais de 7 milhões apenas no Município.

Na manhã de ontem, a Secretaria Executiva Regional (SER) III iniciou as orientações para o Dia Mundial de Combate à Aids. Em meio ao movimentado Terminal do Antônio Bezerra, 10 mil preservativos e folders foram distribuídos, ao mesmo tempo em que fotos e informações eram repassados aos pedestres.

Hoje às 17 horas, a Sesa vai à pista de skate na Avenida Raul Barbosa para orientar e alertar jovens e adolescentes para os sintomas, formas de contágio e tratamento da Aids

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