quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Escolas e creches são orientadas sobre gripe suína

A confirmação da terceira morte causada pela Influenza A, conhecida como gripe suína, no Ceará, coloca em alerta vermelha as autoridades de saúde do Estado. Entre as medidas urgentes, a Secretaria da Educação do Estado (Seduc) encaminha, já a partir de hoje, a todas as escolas públicas e privadas, orientações sobre os cuidados que as instituições de ensino devem tomar na proteção de seus alunos, professores e funcionários.

A preocupação se deve ao fato de o ano letivo nas escolas particulares começarem na próxima semana. Além das escolas, as creches e universidades deverão iniciar ações de prevenção contra a doença. A medida atende a Nota Técnica divulgada pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) com a preocupação pelo avanço da doença.

De acordo com o coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, Manoel Fonseca, entre as recomendações para as escolas, a de que o aluno gripado deve ficar em casa no período de transmissibilidade, ou seja, sete dias após o início dos sintomas.

Também deve aumentar a ingestão de líquidos, procurar assistência médica e não utilizar medicamentos sem orientação médica, especialmente o Ácido Acetil Salicílico.

Outra indicação importante é com relação a hora do recreio. Os alunos devem evitar compartilhar objetos de uso pessoal como copos, pratos, talheres, canudos, toalhas. As crianças e adolescentes também são alertados para utilizarem o álcool gel.

Está previsto, também, a divulgação de nota técnica especialmente voltada para as gestantes. No início do semestre do ano passado, a Secretaria já havia divulgado notas técnicas direcionados para os dois grupos.

Morte

A terceira pessoa a morrer vítima da gripe suína no Estado tinha 24 anos e era moradora do bairro Panamericano, em Fortaleza. Ela estava no sexto mês de gestação. O bebê também morreu. Por recomendação do Ministério da Saúde, o nome da vítima não foi divulgado.

Com isso, sobe para três o número total de óbitos em decorrência do vírus da gripe suína em menos de quatro dias. Os dois outros casos de morte foram confirmados na segunda-feira, 18, e na terça-feira, 19. Assim como nos primeiros óbitos confirmados pela doença, a gestante não saiu do Ceará.

Segundo Manoel Fonseca, a vítima foi internada na Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac), no dia 24 de dezembro de 2009, com sintomas de insuficiência respiratória. A paciente foi encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e desenvolveu a Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (Sara). "Ela não resistiu e faleceu no último dia 9, assim como o bebê", lamenta.

Outros três casos de suspeita de contaminação da gripe A estão sendo investigados no Estado - duas mulheres e um homem, na faixa etária entre 24 e 35 anos. Dois pacientes estão em um hospital particular e a terceira, por estar grávida, encontra-se na Meac.

Para reforçar o atendimento hospitalar, o Ministério da Saúde promete enviar equipamentos de UTI. São 83 oxímetros, 83 monitores e 83 ventiladores. Os equipamentos devem chegar no fim de março. "A licitação é internacional, o que demora".

Lacen

Pelo que parece, os casos suspeitos da gripe A no Estado terão sua confirmação de forma mais rápida. Ainda sem data certa, mas já garantido, o Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen - CE) realizará os exames para identificar o vírus da gripe suína, no próprio Estado. A informação foi confirmada, ontem, pelo diretor do Laboratório, Ricardo Carvalho de Azevedo e Sá.

De acordo com ele, ainda não dá para precisar quando serão iniciados os testes no laboratório do Estado. Afinal, a aquisição dos kits de análise e equipamentos pelo Estado encontra-se em processo de licitação. Porém, como antecipou, dois técnicos do Lacen já foram capacitados. A previsão, conforme o diretor, é que ainda neste semestre os diagnósticos comecem a ser emitidos.

"Esperamos dar mais agilidade à confirmação dos exames. Até porque, no momento, apenas cinco ou seis laboratórios realizam esse diagnóstico em todo o Brasil". No caso do Ceará, o material coletado dos pacientes suspeitos é enviado ao Laboratório Evandro Chagas, em Belém (PA).

VÍRUS H1N1
Paciente que já teve a doença está imune

A influenza A pode atingir qualquer pessoa, como uma gripe comum. Mas há grupos que estão mais vulneráveis, em geral devido ao sistema imunológico deficiente, imaturo ou devido ao contato direto e constante com doentes. São essas as pessoas que correm maior risco de agravamento do problema.

De acordo com o presidente da Sociedade Cearense de Infectologia (SCI), Roberto da Justa Pires Neto, o contato com a influenza A confere "imunidade definitiva" contra o H1N1, se a pessoa sobreviver à doença. "O que pode acontecer é a pessoa contrair outros vírus", alerta.

Mas não é só quem não contraiu o vírus H1N1 que está preocupado. As pessoas que no ano passado ficaram doentes, tiveram diagnóstico positivo de contração do vírus e sobreviveram também estão temerosas. Contudo, esse público está imune e não corre o risco de pegar a doença de novo. Não o H1N1.

O problema é que esse tipo de vírus sofre mutações constantes - tanto que as vacinas contra gripe são anuais - e em uma próxima mudança não há imunidade que proteja.

Uma das pessoas que está preocupada é Alexandre Santos, de 30 anos, que no ano passado teve a doença diagnosticada, ficou cinco dias internado no Hospital São José e precisou ficar isolado para não repassar a gripe para outras pessoas. Pior: ele e o filho, que hoje tem um ano e três meses, tiveram diagnóstico positivo.

Santos conta que, no começo, parecia uma gripe normal: dor no corpo, cansaço. Mas no segundo dia o cansaço virou falta de ar, as dores ficaram mais fortes e a febre evoluiu para 40 graus. Nem o paracetamol de quatro em quatro horas resolveu. No terceiro dia, a situação já era crítica. No São José, o servidor público descobriu que estava com baixa oxigenação no sangue e o pulmão, comprometido. Não teve alternativa: ele precisou ficou internado, mas o filho foi para casa.

MAIS INFORMAÇÕES

Hospital São José - Rua Nestor Barbosa, 315 - 85 3101-2322
Hospital Walter Cantídio - Capitão Francisco Pedro, 1290 - 3366.8167

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