quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Feijão atinge maior preço dos últimos 5 anos


A escassez das chuvas ocasionou a queda da produção de feijão e isso faz com que o produto fique cada vez mais caro
Iguatu. O preço do feijão de corda disparou na feira livre e mercearias desta cidade. O quilo do produto de melhor qualidade é vendido por R$ 5,00. O feijão de corda alcançou neste mês o maior preço nos últimos cinco anos. O preço da saca de 60 quilos comercializada, ontem, nas Centrais de Abastecimento do Ceará (Ceasa) chegou a R$ 280,00. Um aumento de 100% em relação ao preço praticado no mês de agosto passado. "A oferta está pequena em face da estiagem que assola o Ceará", explicou o analista de mercado da Ceasa, Odálio Girão. "A produção do Estado da Bahia também só vai atender o mercado regional daquele Estado porque lá houve excesso de chuva e a safra foi reduzida".

O feijão de corda é o mais consumido no Nordeste. Na Ceasa, a saca de 60 quilos do feijão mulatinho ou carioquinha também subiu de R$ 142, preço praticado em agosto passado, para R$ 260,00. Girão calcula que o quilo do feijão de corda em Fortaleza chega ao consumidor final por cerca de R$ 6,00. A tendência é de alta em decorrência da falta do grão no mercado regional e em outros tradicionais centros de abastecimento, como na Bahia.

O feijão e o arroz são os dois ingredientes básicos no almoço e no jantar do sertanejo. O brasileiro, de um modo geral, come o grão nas principais refeições diárias. A irregularidade das chuvas provocou frustração de safra. No campo, a produção de sequeiro é praticamente inexistente. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais estima uma queda de 90%. Nas áreas tradicionais de plantio de feijão, na região Centro-Sul, não há lavoura. Até mesmo os agricultores passaram a comprar o produto na feira livre. É o caso do produtor rural Valdir Carvalho. "Plantei duas vezes, mas não deu nada", disse. "Desisti. E o jeito foi vir comprar na feira".

A produção que chega à feira é decorrente de áreas irrigadas, mas que não atende à demanda regional. Em face da elevação do preço do produto, os consumidores estão levando para casa menor quantidade. "Costumava comprar, por semana, de três a quatro quilos, mas hoje estou comprando apenas um quilo", disse a autônoma Mércia Araújo. A dona de casa Luzia Alves também adquire menos grãos. "O preço está salgado e, por isso, estou levando a metade do que costumava comprar".

O quadro atual é o inverso do que ocorreu nesse mesmo período do ano passado. Em decorrência de uma elevada colheita, o preço do quilo do produto chegou a ser vendido durante a safra de 2009 por até R$ 0,50 na feira livre de municípios do Cariri e por R$ 1,00, nesta cidade. No período do verão, entressafra, de agosto a dezembro, o quilo do grão foi comercializado por R$ 2,50.

Em 2009, os agricultores não tiveram lucro, reclamavam do baixo preço do produto, enquanto os consumidores comemoravam e compravam mais, por um preço muito baixo. "Neste ano, ninguém está satisfeito", observa o feirante Francisco Vítor da Silva. "Os agricultores não têm produção. Nós estamos vendendo menos e ganhando pouco e os consumidores estão pagando um preço alto".

O feijão de corda tipo um é oriundo da Bahia. No Ceará, a produção em áreas tradicionais, como Campos Sales, está reduzida. As variedades "Sempre verde", "Pingo de ouro" e "Patativa" são as mais caras e o preço do quilo chegou a R$ 5,00, e mantém tendência de alta. Outros, de baixa qualidade, custam R$ 4,00, o quilo.

O feirante Antônio dos Santos Alencar disse que as vendas caíram em média 50%. "É o reflexo do preço elevado. Ninguém deixa de comer, mas diminui". Desde março passado, que o preço do feijão está em alta e oscilando, mas agora disparou.

Raimundo Pereira, que há oito anos trabalha na feira livre de Iguatu, acredita que a tendência é do preço permanecer em torno de R$ 5,00. Mas outros feirantes veem possibilidade de aumentar ainda mais o valor do quilo. A atendente de clínica médica, Euristânia Lima, está surpresa com o elevado valor do produto. "Está muito caro".

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Natália Feitosa, observa que o preço do feijão na quadra invernosa sempre apresentou elevação. "É um produto que oscila muito. Quando há bom inverno, boa safra, o preço despenca e o agricultor praticamente não ganha nada, mas quando está em falta, o preço dispara e quem ganha é o atravessador".

O preço alto do produto deverá influenciar na quantidade consumida pelo cearense, mesmo o alimento sendo a base para as principais refeições

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