sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Prejuízo da safra de banana chega a 70% em Varjota


Após vendaval e chuvas, produtores de Varjota sofrem com a destruição da produção no
perímetro

Varjota. Os levantamentos sobre as perdas na safra de bananas do Perímetro Irrigado Araras Norte ainda estão sendo feitos, mas os prejuízos podem chegar a 70% da produção, pelo menos é o que calcula o Distrito Irrigado Araras Norte (Dipan). Porém, a entidade não informou o total que é produzido nos 522 hectares do perímetro destinados a banana.

A perda veio após um vendaval na semana passada e as chuvas que se concentraram na região neste início de ano. A destruição maior registrada foi no perímetro irrigado do setor 2. O produtor Francisco José Vieira viu toda a sua plantação, de sete hectares de bananeiras, ser totalmente destruída, após o vento da tarde de sábado.

"Era final de tarde quando o tempo mudou completamente. Parecia que ia chover forte, mas o que se viu foi um verdadeiro vendaval. Tudo o que tinha pela frente o vento derrubou", disse Francisco José, lamentando o prejuízo. Ele esperava colher nesse período do ano cerca de 50 milhões de unidades de bananas. "Seria uma produção que iria me salvar de uma dívida que contraí junto ao banco. Agora não sei como vou pagar", completou o produtor.

Mão-de-obra

A perda não é somente na produção. De acordo com o secretário do Desenvolvimento Econômico do Município de Varjota, Edgar Procópio, a mão-de-obra também será prejudicada. "São mais de três mil pessoas que tiram o sustento de sua família, trabalhando da colheita. Sem produção não há trabalho", disse Edgar Procópio, que espera a visita de técnicos da Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Estado para avaliarem as áreas prejudicadas e analisar os prejuízos causados pelas chuvas e os ventos na plantação.

Segundo o coordenador do Dipan, José Ramalho Crispin, algumas medidas que os agricultores do perímetro devem ter, após a perda da safra de bananas, é elaborar um documento que será apresentando ao banco.

Crispin adiantou que o superintendente Estadual do Banco do Nordeste, Odésio Rodrigues Carneiro, orienta que os agricultores prejudicados se dirijam até uma agência do BNB na região (Sobral, São Benedito e Tianguá) e apresentem a documentação e a sua demanda.

Danos materiais

De acordo com Francisco José Vieira, a perda no cultivo da banana ainda não foi calculado, mas acredita que chegue a mais de R$ 100 mil. "Esse é o melhor período para venda do produto, quando há um aumento de 200% no preço, se comparado com o período de estiagem". Para o produtor Raimundo Nonato da Silva, na sua lavoura não há perda apenas no cultivo de bananas, mas, também, na plantação de mamão. A sua área de produção é de 5,5 ha.

O Perímetro Irrigado Araras Norte tem 870ha de terra, onde são produzidos bananas, mamão, melão, uva, goiaba, manga e outros produtos da agricultura familiar. 60% é a área destinada ao cultivo da banana. A perda na produção poderá provocar a falta do produto em várias cidades cearenses, prejuízo para o produtor e o desemprego para quem trabalha na colheita.

As perdas, segundo Raimundo Crispin, não podem ser atribuídas apenas aos fenômenos da natureza, mas também à falta de assistência técnica. "Muitos produtores utilizam técnicas próprias para o cultivo de seus produtos, sem a utilização de técnicas apropriadas que poderiam evitar grandes perdas", disse Raimundo Crispin.

Política pública

Também a falta de política pública voltada para o Perímetro de Varjota é questionada pelos que acompanham a produção local. "Muitos desses produtores não têm dinheiro nem mesmo para custeio com energia elétrica, que é primordial para a irrigação das plantações, o que acaba ocasionando baixa no setor produtivo. Dependendo da área cultivada, as despesas com o fornecimento de irrigação podem chegar a R$ 800,00 mensal, e a Coelce não quer saber em que situação se encontra o inadimplente", adiantou Crispin.

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